simples pessoa

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terça-feira, 25 de maio de 2010

Morte

Carcaças flamejantes
de odor inflamável
flamejam na palma da minha mão
gritam por uma razão
gritam mas em vão

gritaram de sufoco
gritaram de medo
da mulher que matou o espaço oco
matou-o com um toque de dedo
matou-o

já não gritam tais carcaças
nem vão gritar
não querem
dizem que seus pais
morreram a gritar
morreram que nem animais

façam-na gritar
façam-na desejar
que a morte que deu
seja a morte dela e não a de um judeu

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Em ti

Em ti a chama acende
O beijo persiste
A morte rende

Em ti a cara cora
Os olhos brilham
A morte chora

Em ti o morto é vivo
O espelho é baço
A morte um livro

Em ti nada espero
Desespero
A morte quero .

será que se vive trancado ?

Trancado numa caixa
sem ver, sentir, cheirar
trancado sem te olhar
trancado sem sonhar

Alegre como um pássaro na gaiola
toco na viola
nas suas cordas
de fazer lembrar
os teus cabelos ao luar

Mas as notas não se fazem ouvir
estão tristes por não poderem sair
Oh maldita caixa que me mantens cativo
deixa-as ao menos ir

Pobres coitadas não têm asas para voar
como vão elas chegar?
não me preocupo
sei que as vais achar
e eu preso vou ficar
neste recanto oculto
sem uma nota para encontrar

Pedias-me

Pedias-me breves encontros
Levavas-me longos sorrisos
Beijavas-me sem avisos

Sabias que ia correr tudo bem
Os meus olhos bloqueavam
Os teus passos queriam abrandar
E mais beijos me fazias dar

Mesmo que por breves momentos
Eu quisesse acreditar
Que um dia me ias amar
Os pensamentos não o queriam deixar

E agora queres enterrar
Queres sufocar os meus gritos
Queres esquecer os sorrisos

Mas eu vou lá estar
A resistir e a lutar
E assim que puder
Vou ser eu que o vou enterrar .